lunedì 5 maggio 2008

"O grande templo do cinema" de Turim


Na edição de hoje do Diário de Notícias, uma outra notícia relativa ao cinema italiano. De Nuno Galopim.


O GRANDE TEMPLO DO CINEMA

NUNO GALOPIM, em Turim

É impossível passear pela cidade de Turim sem deixar de reparar numa estrutura invulgar que se destaca de uma paisagem urbana em que os edifícios raras vezes ultrapassam os cinco andares. Com 167 metros de altura, dominada por uma enorme cúpula, a Mole Antonelliana é um dos ex-líbris da cidade. E raro é o guia turístico ou conselho de amigo que por lá já passou antes que não coloque este "monumento" entre as paragens obrigatórias em Turim. Pela sua imponência arquitectónica, pelo observatório que permite uma vista panorâmica sobre a cidade e, acima de tudo, pelo Museo Nazionale del Cinema (Museu Nacional do Cinema) que alberga há alguns anos. Considerado como um dos melhores do mundo no género, concede algum protagonismo ao cinema italiano mas em nada esquece outras cinematografias de paragens mais distantes.

O acervo do museu soma hoje números impressionantes. As colecções incluem perto de 12 mil filmes, 20 mil objectos (de aparelhos a memorabillia), 750 mil fotografias, 26 mil livros, 30 mil periódicos... Naturalmente apenas parte da colecção está exposta, sugerindo ao visitante uma viagem pela história do cinema, sem que tal esqueça a sua pré-história. Um andar inteiro da Mole Antonelliana é inclusivamente dedicado às primeiras experiências de imagem em movimento, desde os jogos de sombras em voga nas cortes do século XVIII ao advento do cinematógrafo e ao surgimento, logo depois, da indústria do cinema.

Uma visita ao museu pede algumas horas de disponibilidade. Começa precisamente por um percurso cronológico pela arqueologia dos antepassados do cinema. Nesse primeiro andar as paredes abrigam uma numerosa colecção de aparelhos, desde as primeiras máquinas de ilusões ópticas aos cinematógrafos. Juntam-se cartazes promocionais dos espectáculos visuais, sobretudo no século XIX. No centro do espaço, um labirinto de salas permite a experimentação dessas primeiras ilusões de movimento, promovendo uma interacção com o visitante que percorre uma máquina do tempo imaginária que transforma em vida presente as memórias de velhas imagens.

O percurso sugerido segue depois para pisos superiores dedicados a vários aspectos da história do cinema. Um andar inteiro segue, a par e passo, as etapas da produção de um filme, da ideia do argumento à exibição. Recorda os estúdios, os realizadores, a criação de cenários, do guarda-roupa e, claro, não esquece as "estrelas". No piso superior, uma galeria impressionante de posters recorda artes do desenho e da pintura ao serviço da promoção cinematográfica.

A fechar o percurso é proposta uma visita a cenários recriados de filmes e a espaços que sugerem o cinema de género, do westrern à ficção científica. Depois, nada como percorrer uma rampa que sobe até meia altura da cúpula, ladeada por fotografias e objectos que ilustram mais de cem anos de filmes, realizadores e actores.

O Museo Nazionale del Cinema mora numa casa com história. A Mole Antonelliana (assim baptizada em homenagem ao seu arquitecto, Alessandro Antonelli), foi inicialmente concebida, em 1862, como uma sinagoga. Contratempos e desentendimentos conduziram em 1878 à compra do edifício, ainda inacabado, pela Comuna di Torino. A obra foi concluída em 1899, já pelo filho do arquitecto, Constanzo Antonelli, inaugurada como monumento à unidade nacional. Recorde-se que Victor Emanuel II, o primeiro rei da Itália unificada, era natural de Turim.

O Museo Nazionale del Cinema só ali habita desde o ano 2000, tendo entretanto sido alvo de um restyling já em 2006, do qual nasceu o espaço que hoje atrai diariamente inúmeros visitantes. Esta última obra consagra no espaço não só a funcionalidade desejada num museu, como devolve à Mole Antonelliana o arrojo arquitectónico que, desde sempre, caracterizou o edifício.

IN
http://dn.sapo.pt/2008/05/05/centrais/o_grande_templo_cinema.html

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