venerdì 6 giugno 2008

Cimeira romana da FAO no Diário de Notícias


de ABEL COELHO DE MORAIS


FAO quer reduzir fome no mundo para metade



Cimeira. Reunião de Roma defende mais investimentos na agricultura

Prometidos mais de 6,5 mil milhões de dólares para lutar contra a fome

A cimeira da FAO terminou ontem numa nota de optimismo mitigado, com os representantes dos 193 países presentes em Roma a comprometerem-se a reduzir para metade o número de pessoas com fome no mundo até 2015, e a abolirem as restrições aduaneiras que dificultam o comércio de produtos agrícolas .

O director-geral da FAO (organismo da ONU para a alimentação e agricultura), Jacques Diouf, anunciou ter garantido a promessa de fundos na ordem de 6,5 mil milhões de dólares para o combate à fome e pobreza.

A declaração final defende o aumento da produção de bens alimentares e a redução dos mecanismos proteccionistas, para permitir trocas "mais equitativas" dos bens agrícolas. O objectivo é a concretização de "mais investimentos no sector para intensificar a produção e a produtividade", explicou um responsável da FAO, a coberto do anonimato.

Em 1979, explicou ontem um elemento do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, o investimento nesta área "representava 18% do total da ajuda internacional; hoje, é de 3%, o que é ridículo".

O documento contempla igualmente a questão dos biocombustíveis, apontados como um dos factores que contribuíram para a subida dos preços alimentares. Mas a referência é genérica; limita-se a sugerir a criação de um sistema de avaliação para "determinar o impacto das bioenergias na segurança alimentar".

A questão da liberalização do comércio agrícola é um dos vectores centrais da ronda de Doha, que permanece por resolver.

Para o citado responsável da FAO, o obtido em Roma não é assim insignificante: "a agricultura vai deixar de ser subalternizada e tornar-se-à uma prioridade". Estimativas da ONU indicam que 850 milhões de pessoas vivem em estado de subnutrição crónica e mais cem milhões foram afectadas pela actual crise.

A divulgação do documento foi atrasada por divergências sobre o texto. A delegação da UE - cujo comissário para o Desenvolvimento Louis Michel chamou a atenção para a importância "de não ceder ao pânico e a soluções de curto prazo" - emitiu várias reservas sobre o conteúdo da declaração. Também a Argentina - um dos grandes produtores mundiais de cereais e carne bovina - se opunha às críticas "a medidas restritivas", o que podia ser tomado como a condenação da sua política fiscal para certos bens agrícolas.

Verificaram-se ainda pressões de Cuba, que - à semelhança de anteriores reuniões da FAO - pretendia inserir referência a condenar o uso dos bens alimentares "como arma de pressão unilateral". Mas o documento acabou por conter uma menção crítica à sua utilização "como meio de pressão política".



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