giovedì 23 ottobre 2008

Rosanna Cimaglia: a viagem da minha vida

Mais uma aluna de Português dos cursos livres promovidos pelo Instituto Português de Santo António em Roma, Rosanna Cimaglia, escreveu sobre uma viagem que a marcou particulamente: a que fez à ilha de Lanzarote, nas Canárias, onde vive o Prémio Nobel da Literatura português José Saramago. Muitos parabéns à Rosanna pelo seu texto emocionado!

LANZAROTE


Gosto muito de viajar e considero a viagem uma maneira não só de conhecer outras culturas e pessoas, mas também uma maneira para aprender e para se confrontar com o que não se conhece; um meio para se conhecer e compreender melhor. Até agora não viajei tanto quanto desejava, mas tive a possibilidade de visitar alguns países da Europa.

Uma das viagens mais interessantes que fiz, foi no Verão de 2006 à ilha de Lanzarote no arquipélago das Canárias. Fiquei fascinada por esta ilha depois de ter visto um documentário na televisão. O que me fascinou foi o seu aspecto, pois nasceu duma actividade vulcânica catastrófica que durou muitos anos.

Cheguei a Lanzarote no mês de Setembro com duas amigas e a ilha deu-nos as boas vindas com um calor incrível. Havia uma temperatura e uma humidade tão altas que ficámos um pouco preocupadas com o êxito das férias. Felizmente este clima durou só um dia e assim passámos dez dias descobrindo com tranquilidade as belezas da ilha: alternância de vulcões e areia que davam à paisagem um carácter lunar; praias onde o Oceano Atlântico, à tarde, por causa da maré baixa, cria jogos espectaculares, atrasando-se e deixando descoberto o fundo do mar com pontas de escolhos e pedras que parecem esculturas marinhas; aldeias onde ainda se respira um sabor de antiga e autêntica genuinidade.

Em Lanzarote a criação da natureza encontrou o génio criativo do arquitecto-artista César Manrique, homem profundamente respeitoso da natureza e das suas leis. Fiquei encantada com a filosofia e concepção arquitectónica de Manrique: os homens têm que se adaptar à natureza antes de qualquer ideia de construção.

Manrique construiu várias estruturas em pontos diferentes da ilha, desfrutando do que a catástrofe da erupção vulcânica tinha feito no século XVIII. Achei incrível a criação dum auditório numa cova natural criada dentro de um túnel de lava; sobre ele, um bar-restaurante que fica perto duma lagoa com um ecossistema de milénios. Visitei a sua casa, hoje um museu e espaço para exposições de jovens artistas – criada dentro doutro túnel natural e – incrível – as águas da piscina vêm directamente do Oceano! No parque nacional de Timanfaya - uma cadeia de vulcões que se abrem directamente no Oceano - Manrique ideou um restaurante sobre um vulcão onde a temperatura do sol é tão alta que se usa esse calor para cozinhar.

Em Lanzarote a vida parece impossível mas não è assim: produz-se um bom vinho, frutas e há grande produção de cactos, úteis aos agricultores e à economia da ilha e Manrique quis deixar uma das suas ultimas obras ao povo de Lanzarote: um jardim com espécies de cactos de todas as formas, duma beleza e grandeza incrível.

Tenho realmente uma boa lembrança desta ilha e desta viagem e voltei para Itália convencida que a cooperação com a natureza é possível e é obrigatória para conservar o que foi criado por ela e nos faz emocionar com os seus mistérios.

Rosanna Cimaglia

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