giovedì 6 novembre 2008

Faleceu Milú, a menina bonita do cinema português

Os alunos que participaram, no ano passado, nas actividades de sábado da Faculdade de Letras da Roma Tre, assistindo ao ciclo de cinema português "a preto e branco", lembram-se certamente dela: a "menina bonita" do cinema português, Milú, faleceu ontem, em Cascais.



Como nos diz a notícia publicada na edição de hoje do Diário de Notícias, de Maria João Caetano, Milú foi uma precursora e uma verdadeira estrela popular. Aqui fica o artigo e a nossa saudade.


Chamava-se Maria de Lurdes de Almeida Lemos mas todos a conheciam como Milu, a primeira vedeta do cinema português. Tinha 82 anos e uma beleza rara, que manteve até ao dia da morte, que aconteceu ontem, na sequência de uma infecção respiratória.

A primeira vez que aparecia em O Costa do Castelo já trazia um sorriso aberto e uma voz cantada com que anunciava "bom dia". Estava tudo lá. O olhar lânguido num rosto ingénuo, corpo de formas perfeitas numa personagem de menina bem comportada. Milu, que tinha apenas 16 anos, tornou-se imediatamente uma figura popular, e sua voz ficaria para sempre associada aos temas Cantiga da Rua e A Minha Casinha.

Mas a sua carreira tinha começado muito antes. Desde miúda que trabalhava na Rádio Graça e na Rádio Sonora, fazia recitais e jogos florais, gravava discos. Em 1938, aos 11 anos, estreou-se no palco do Eden-Teatro como vedeta da revista infantil O Preto Mazalipatão. No cinema, participou, com outras crianças, em A Aldeia da Roupa Branca. E, em 1939, já era uma das vozes principais da Emissora Nacional. A sua fotografia publicada no Século Ilustrado, em 1942, em que era apresentada como "a mais bela flor da rádio" despertou a atenção dos dirigentes da Tóbis Portuguesa e do realizador Artur Duarte, que a chamaram para fazer a Luisinha em O Costa do Castelo, ao lado de António Silva, Maria Matos e Curado Ribeiro.

José de Matos-Cruz, historiador do cinema português, recorda-a como "um verdadeiro animal de câmara", como havia poucos naquela altura. "A espontaneidade, o olhar irradiante, o sorriso, a beleza, a maneira como se movimentava, a vibração com a câmara, a Milu tinha uma cinegenia natural."

Abriram-se portas. Fez publicidade, foi capa de revista, derramou glamour em mil entrevistas. Depois de filmar Doce Lunas de Miel chegou a ter convites para trabalhar mais em Espanha e até em Hollywood mas recusou sempre. Tinha 17 anos e muito medo de sair do País. Além disso, estava prestes a casar-se.

Quatro anos depois, desfeito o casamento, regressa em grande. Foi o tempo de O Leão da Estrela (1947, também de Artur Duarte), A Volta do José do Telhado (1959), O Grande Elias (1950), Vidas Sem Rumo (1956), Dois Dias no Paraíso (1958). Também fez teatro, embora tenha assumido que preferia a câmara ao palco. Em 1961 nova interrupção. Emigrou para o Brasil com o segundo marido.

Em momentos decisivos da sua carreira, lembra Matos-Cruz, Milu "preferiu sempre a vida pessoal, sacrificando a carreira que poderia ter tido um outro fulgor". Voltou oito anos depois para fazer mais filmes, várias peças e algumas revistas. Mas os problemas de saúde e as contingências do mercado não favoreceram a sua carreira. Viveu sempre com a sensação de que deixou escapar o seu tempo. No cinema, o seu último papel foi em Kilas, o Mau da Fita, de José Fonseca e Costa (1981).

O corpo de Milu vai estar em câmara ardente na igreja de São João do Estoril e o funeral realiza-se hoje, às 1 6.00, para o cemitério daquela localidade.


IN
http://dn.sapo.pt/2008/11/06/artes/milu_a_primeira_vedeta_cinema_portug.html

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