mercoledì 5 novembre 2008

Os Açores de Lia Orietta Cacciatore


Mais uma aluna de Português que nos envia um texto, onde espressa e explica os motivos da sua grande paixão pelos Açores.


As previsões meteorológicas lembram-nos que eles existem. Se não fosse por causa do Anticiclone dos Açores que, de tempos a tempos, é causa de perturbações na nossa Península, provavelmente não sabíamos nada deles.
Não são conhecidas pelos italianos; alguns, na melhor das hipóteses, confunde-os com a Madeira, alguns com as Canárias ou com as Baleares e algum até com as Seicheles ou com o Havai.
Na realidade são situados no meio do Atlântico entre Lisboa e Nova York e são a parte mais ocidental do continente europeu, à latitude de Catania.
Quando no ano passado decidi procurar um lugar para diminuir o peso de Itália e onde viver em paz, aconteceu-me ler um artigo de uma jornalista que estava a passar casualmente pelos Açores e que tinha ficado encantada com eles.
Mesmo se eu não sabia onde eram, o artigo descrevia o lugar duma maneira que decidi num instante que, se fossem bonitas só a metade daquilo que era descrito no artigo, seria o lugar ideal onde comprar a minha casa. E assim comprei logo um bilhete para ir ver.
Chegada a São Miguel, fiquei tão impressionada por uma ilha tão bonita, pela limpidez do céu e pelo carácter dos habitantes, que no decurso de uma semana comprei uma moradia no centro da capital, Ponta Delgada.
As casas antigas, assim como as igrejas, são todas brancas com as molduras das portas e das janelas em pedra cinzenta e cada lugar, mesmo pequeno, tem uma igreja, pequena ou grande proporcionalmente à grandeza da cidade, e também uma praça e um quiosque para tocar música ou fazer festas no Verão.
Podem achar que sou impulsiva, mas foi amor á primeira vista.
Não me enganei porque agora que os conheço bem, estou cada vez mais apaixonada por ela e quando estou em Roma, estou saudosa da minha casa nos Açores.
Vocês podem perguntar-se porque é que eu os amo tanto e o que é que me seduz neles?
Não conheço bem as outras ilhas, porque fui sempre a São Miguel, mas sei que são todas diferentes e cada tem uma atracção particular, pequenos paraísos naturais envolvidos pelo oceano. As nove ilhas que compõem o arquipélago têm características geográficas, climáticas e ambientais muito diferentes e são repartidas em três agrupamentos: grupo ocidental com Flores e Corvo, a ilha mas pequena, o grupo central, o maior, com Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial e o grupo oriental com São Miguel e Santa Maria.
Os Açores são relativamente recentes e têm vivido uma vida tranquila e afastada, de todo estranha ao nosso mundo, mantendo íntegras no tempo velhos hábitos e tradições do passado.
O clima é regulado principalmente pela corrente do Golfo e por uma zona de altas pressões chamada, como disse, anticiclone dos Aςores, que determina o maravilhoso aspecto paisagístico. Um clima de eterna primavera, caracterizado por temperaturas amenas que mantêm-se entre os 17 e os 27 graus e uma terra extremamente fértil, com chuvas não fortes mas regulares, que fazem destas ilhas um verdadeiro jardim botânico.
A vegetação é muito particular porque junta às plantas importadas por ingleses e europeus, com essências de todos os outros continentes. Tudo na realidade em São Miguel parece misturado. Pode-se girar o olhar de um lado e parecer que se está na Suíça: verdes relvados tanto quanto a vista alcança, com vacas calmas que pastam, tendo ao fundo elevadas montanhas arborizadas e lagos cristalinos, e depois voltar os olhos noutra direcção onde, terminado o relvado, se pode ver um recife a pico no mar; fetos altos com uma densidade tropical, sebes com hortênsias e tapetes de azáleas, de camélias, de hibiscos e de magnólias; no mercado encontra-se maçãs junto a ananases e pêssegos junto a mangas.
Parece que tudo o que existe no mundo está agrupado num único lugar.
Uma outra coisa maravilhosa dos Açores é a gente. De carácter calmo e amável, muito rigorosos no observar das regras e com muita atenção quanto ao ambiente e à cura do território.
Tiveram uma grande tradição baleeira, mas em 1987 compreenderam que a quantidade desta pesca estava diminuindo e que era melhor pescar atum, muito abundante naquelas áreas, e preservar os outros peixes e transformar a pesca no “whale and dolphin watching” que defende os animais e é muito mais remunerativa do que a pesca neste arquipélago, referenciado como um dos melhores sítios do mundo para a observação de cetáceos, existindo uma enorme diversidade de espécies e privilegiado pelas muitas circunstâncias geográficas que facilitam a observação das baleias e dos golfinhos, alguns vivendo agora estavelmente, porque ninguém os incomoda.
As atracções para os turistas são muitas e o eco-turismo não é a única forma de sustento.
Todos são mantidos de maneira impecável, com inteligência; todas as estradas das florestas são mantidas rigorosamente limpas, alisadas e percorridas pelos carros; as estradas estão sempre em estado perfeito e encontra-se sempre ao longo da estrada pontos para descanso com serviços higiénicos limpos. Destino turístico para o termalismo, agradável para o trekking, pelos seus parques, para diversas actividades desportivas o lúdicas, pelos lagos, o mar, as montanhas e pelo óptima comida.
Então, surpreende se eu amo tanto os Açores?


LIA ORIETTA CACCIATORE

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