venerdì 27 novembre 2009

"A Canção de Lisboa" por Vilma Gidaro


Depois do visionamento do filme "A Canção de Lisboa" (1933) de Cottinelli Telmo, com Vasco Santana, Beatriz Costa e António Silva, a nossa aluna Vilma Gidaro escreveu este comentário. Obrigado, Vilma, pelo entusiasmo e constante participação no nosso blog!



Por volta de 1933, ano da produção do filme “A Canção de Lisboa”, iniciava em Portugal o Salazarismo. E no filme o realizador ridiculariza o regime ditatorial com a cena na alfaiataria do pai de Alice.
O Alfaiate Caetano e Dona Jacinta chegam à alfaiataria falando e, vendo-os, Vasco (Santana) vai “esconder-se” dentro de um casaco, fingindo-se um manequim. Sobre o casaco do Vasco estava preso um letreiro com as palavras: "Estado Novo - 99 escudos", cartaz que no fim da cena vai parar - pela mão do Vasco - ao "traseiro" da Dona Jacinta. Aqui está claro o intento de ridicularizar o Estado Novo.
O filme continua com a cena do concurso da “Rainha das Costureiras”. Nesta cena vejo um paralelo entre o Alfaiate Caetano, júri do concurso, e o ditador. A linda Alice é aspirante rainha deste concurso. Linda rapariga, com certeza, mas também desajeitada e embaraçada. O Alfaiate proclama, com grande autoridade, que o júri é quem decide quem será a Rainha do concurso quando é ele quem realmente decide - e decide que será a sua própria filha.
Outra coisa interessante no filme é a frase: "Chapéus há muitos, seu palerma!". É um outro modo, divertido, de dizer que "não interessa nada".Mas para mim pode ter também um outro sentido para além deste. “Chapéus há muitos” seria como dizer que nenhuma pessoa deve obrigatoriamente escolher um chapéu igual ao das outras, porque um chapéu pode ser um símbolo de pertença a uma qualquer ideologia e se uma pessoa se sente obrigada a vestir-se igual às outras é um palerma. “Chapéus há muitos” significa então ser um homem, ou uma mulher, livre.
VILMA GIDARO

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