venerdì 16 ottobre 2015

Stasera: inaugurazione del fondo Stegagno Picchio

«Portugal é o meu trabalho, o meu quotidiano, terra de escolha e língua de todos os dias. Faz parte da minha acção no mundo [...]. Aliás, sempre digo que viajei pelo mundo atrás da isotopia portuguesa. Quando viajo, não procuro apenas os portugueses, mas igualmente os amigos de Portugal, com os quais sinto uma
grande cumplicidade».
Luciana Stegagno Picchio

Stasera, dalle ore 18:30, all'Istituto Portoghese di Sant'Antonio in Roma, sarà inaugurato il fondo bibliografico donato da Luciana Stegagno Picchio (1920-2008).


Apreciei-a, a seguir, no recanto do seu sofá, de longas horas, ladeada por aquelas estantes, estilizados ramos de árvore — a apoiarem o acervo bibliográfico da grande investigadora, filóloga e erudita — qual Silua do conhecimento, que estava ali, símbolo de si própria, da sua realização, da sua erudição e criatividade. 
NAIR NAZARÉ DE CASTRO SOARES


MEMORIA DE LUCIANA STEGAGNO PICCHIO
di NAIR NAZARÉ DE CASTRO SOARES

A última vez que a vimos foi, na sua casa de Roma, numa tarde de domingo de Fevereiro, passou já mais de um ano.
Frágil, muito frágil, na elegância do seu vestido e das palavras gentis que nos dirigiu. Recebeu-nos, de pé, na sua biblioteca, com a fidalguia de uma Grande Senhora e a graciosidade de um ser já quase etéreo. 
Impressionara-nos a dignidade do gesto, a voz com timbre firme e bem audível, num português correctíssimo, um olhar iluminado, um sorriso. Apreciei-a, a seguir, no recanto do seu sofá, de longas horas, ladeada por aquelas estantes, estilizados ramos de árvore — a apoiarem o acervo bibliográfico da grande investigadora, filóloga e erudita — qual Silua do conhecimento, que estava ali, símbolo de si própria, da sua realização, da sua erudição e criatividade. Assim a descreveu José Cardoso Pires: «o perfil de Luciana Stegagno Picchio ergue-se perante nós a traço aprumado corno um ex-libris inconfundível e tem a sedução e a serenidade de quem se construiu com rigor e mão feliz» jornal de Letras 990, de 10-23/9/2008, p. 6). Ε Maria de Lourdes Belchior (ibidem) acrescentara que Luciana tinha «uma inteligência aguda, rápida no captar das realidades e exigente no aprofundar das intuições, uma grande generosidade na partilha de pontos de vista e um sentido de humor que anima a seriedade dos princípios e dos propósitos».
A sua obra fala por si. Sem esquecer os dois volumes de La méthode philologique, com Prefácio de Roman Jakobson, é a autora de dois estudos que se tornaram clássicos, História do Teatro Português e História da Literatura Brasileira, e ainda de Mar aberto. Viagens dos portugueses (Lisboa, 1999), de centenas de artigos, ensaios, edições críticas de poesia e prosa medieval, renascentista e moderna: da lírica galaico-portuguesa a Gil Vicente e João de Barros, de Camões a Camilo, de Eça de Queirós a Fernando Pessoa. Sobre Pessoa reuniu vários estudos, em Nel segno di Orfeo, Fernando Pessoa e l'Avanguardia portoghese (Génova, 2004), a sair, em português, pela INCM. Ε ainda sobre Aquilino, Torga, José Cardoso Pires, Jorge de Sena, José Saramago (Instantanee per un ritratto, Florença, 2000). Entre os autores brasileiros, salientem-se os estudos sobre Jorge Amado e Murillo Mendes, Drummond de Andade, Jorge de Lima, Clarice Lispector e João Guimarães Rosa. 
Com os seus discípulos, António Tabucchi, Maria José de Lancastre e Fernanda Toriello, funda a revista de referência Quaderni Portoghesi.
Quem conheceu e apreciou a investigadora, a filóloga, a historiadora da Literatura, a ensaísta, a professora da "Sapienza" de Roma, vergou-se perante a igura de mulher e de intelectual que sempre se assumiu, por paixão, "Lusitanista". São palavras suas, em entrevista, dada ao Jornal de Letras (401, de 13/3/1990): «Portugal é o meu trabalho, o meu quotidiano, terra de escolha e língua de todos os dias. Faz parte da minha acção no mundo [...]. Aliás, sempre digo que viajei pelo mundo atrás da isotopia portuguesa. Quando viajo, não procuro apenas os portugueses, mas igualmente os amigos de Portugal, com os quais sinto uma
grande cumplicidade».
Ε foi, envolvida na reciprocidade do mais puro afecto, da mais sentida ternura, que os portugueses a viram partir... A última das Parcas não se detinha, acelerava o passo e, perto, mais perto, batia à porta. E, no instante em que penetrara na luz da eternidade, o seu discípulo dilecto, o Henrique de Almeida Chaves,
estava lá, em sua casa, junto dela. Ε Monsenhor Agostinho da Costa Borges, reitor do Instituto Português de Santo António, seu amigo desde a sua chegada a Roma — concelebrando a Missa com o Conselheiro Eclesiástico da Embaixada de Portugal junto da Santa Sé e o pároco de S. Maria delia Mercede, o seu pároco -, faria, naquele sábado, dia 30 de Agosto, por ocasião das suas exéquias, o seu elogio fúnebre, na sua muito amada língua portuguesa.

NAIR NAZARÉ DE CASTRO SOARES 




http://www.treccani.it/enciclopedia/luciana-stegagno-picchio_(Enciclopedia-Italiana)/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Luciana_Stegagno_Picchio
http://www.einaudi.it/libri/autore/luciana-stegagno-picchio/0000812
http://www.infopedia.pt/$luciana-stegagno-picchio


A sua obra fala por si. Sem esquecer os dois volumes de La méthode philologique, com Prefácio de Roman Jakobson, é a autora de dois estudos que se tornaram clássicos, História do Teatro Português e História da Literatura Brasileira, e ainda de Mar aberto. Viagens dos portugueses (Lisboa, 1999), de centenas de artigos, ensaios, edições críticas de poesia e prosa medieval, renascentista e moderna: da lírica galaico-portuguesa a Gil Vicente e João de Barros, de Camões a Camilo, de Eça de Queirós a Fernando Pessoa. Sobre Pessoa reuniu vários estudos, em Nel segno di Orfeo, Fernando Pessoa e l'Avanguardia portoghese (Génova, 2004), a sair, em português, pela INCM. Ε ainda sobre Aquilino, Torga, José Cardoso Pires, Jorge de Sena, José Saramago (Instantanee per un ritratto, Florença, 2000). Entre os autores brasileiros, salientem-se os estudos sobre Jorge Amado e Murillo Mendes, Drummond de Andade, Jorge de Lima, Clarice Lispector e João Guimarães Rosa. 

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